sábado, 26 de maio de 2007

Manifesto

O atual quadro do ensino superior em nosso país não é nem um pouco positivo. Descaso, sucateamento e direcionamento de todo o ensino e pesquisas à uma lógica cada vez mais mercantilista, onde os interesses do mercado prevalecem aos interesses e necessidades da maioria da sociedade. Isso tudo é apenas parte do que temos nos deparado atualmente na busca por uma universidade que seja de fato pública, gratuita, de qualidade e a serviço das demandas da sociedade.

O atual projeto de Reforma Universitária, tão pouco discutido nas universidades por suas administrações, ao invés de solucionar esses problemas vem aprofundá-los, na medida em que confunde as instituições públicas com as privadas, concede benefícios exorbitantes à essas últimas, congela o destino de verbas públicas para as instituições públicas, fomenta a instituição de ensino à distância nas universidades públicas, insere um modelo de pós graduação paga – inclusive com titulação de mestrado e doutorado, elimina os concursos para contratação de servidores e terceiriza esses setores, além de escancarar as portas das mesmas às fundações privadas.

Todo esse quadro de descaso à educação superior manifestado nas políticas do governo federal se manifesta em nosso cotidiano na UFMT. Excesso de professores substitutos, extremamente mal remunerados, falta de estrutura para os laboratórios e biblioteca central, falta de técnicos administrativos, moradia e assistência estudantil, dentre outros fatores.

Paralelo a tudo isso, enfrentamos dentro das universidades um forte grau de repressão por parte de suas Administrações Superiores à toda forma de crítica manifestada. Atualmente na UFMT há sindicâncias contra manifestações de estudantes e professores que podem levar a punições. Outro indício de repressão é a dificuldade que a Administração impõe em ceder estrutura para encontros do movimento estudantil, enquanto para encontros de outro porte, inclusive com fins comerciais, as mesmas dificuldades não ocorrem.

A situação é cada dia mais crítica e exige uma resposta clara e direta por parte de toda a comunidade acadêmica. Unificar as lutas e defender o ensino público e a liberdade de expressão, eis porque acampamos no campus da universidade e chamamos toda a comunidade universitária e os movimentos sociais e sindicais a se juntarem conosco.






1º - Anulação imediata de todos os processos e sindicâncias de perseguição política vigente e não à abertura de novos processos com o mesmo intuito! Fim imediato dessa perseguição e início da liberdade de expressão dentro do campus da UFMT!

2º - Que a universidade, a modelo do encontro da SBPC, reconheça, dê absoluto apoio e ceda estrutura aos encontros estudantis: salas para alojamento, gráfica universitária, e outros.

3º - Contra o decreto que extingue cargos no quadro de servidores da universidade pública e abertura imediata de concurso público para contratação de servidores; ampliando o quadro das categorias deficitárias, pois estas, diferente das privatizadas, tem um maior comprometimento com a universidade pública.

4º - Ampliação do C.E.U. – Casa do Estudante Universitário. Realização de uma análise pela Comunidade Acadêmica do projeto existente para construção do C.E.U. dentro do campus de Cuiabá e que este projeto seja discutido com representantes do CEU atual. Após esta análise início imediato dessa construção.

5º - Utilização do espaço ao lado do RU – antigo Banco Real – para um espaço de vivência estudantil, que comporte a criação de uma Rádio Livre que será coordenada por um conselho formado por todas as entidades estudantis da UFMT e com abertura para demais movimentos sociais.

6º - Ampliação e Fortalecimento da Biblioteca Central. Apoio às atuais demandas dos servidores da Biblioteca e capacitação para suas funções específicas. Estender o horário de atendimento da Biblioteca Central até às 18:00h aos sábados.

7º - Realização de uma jornada de discussão sobre a Reforma Universitária, com palestras, seminários, etc. Que esta programação seja construída com a Administração Superior, Adufmat, Sintuf e DCE.

8º - Esclarecimento Público sobre a entrada de todas as empresas privadas na universidade (UniSelva, DocCenter, Arca Incubadora, etc.). Abertura de investigação para apurar irregularidades nos processos de entrada dessas empresas no campus na UFMT.

9º - Por Café da Manhã no Restaurante Universitário – das 6:30h às 8:00h – para atender às necessidades de estudantes ! Pela melhoria e variedade das refeições.

10º - Que a Universidade se posicione publicamente contra os seguidos aumentos da tarifa de transporte público, utilizando-se de seu estudo em conjunto com a UFRJ que aponta a exclusão de 200 mil pessoas com a tarifa a R$1,60; pela implementação de uma tarifa-social de transporte público e ampliação do Passe-Livre. Educação não é só em sala de aula!

Um comentário:

Articulação Regional de Biologia-Centro-Oeste disse...

Os estudantes da UFMT tomando iniciativas diante da realidade imposta na logica mercantilista. Essa ação vem de frente as politicas impostas, especificamente, pelo atual reitor Speller, que tenta (e esta conseguindo aos poucos) privatizar o ensino público e as mentes!!
Força nesse acampamento!! Resistência até todas as reivindicações seja atendidas!!!